sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

2008 foi o ano da consolidação dos Blogs. Como será 2009?

A discussão em torno dos blogs, seu crescimento e até mesmo a possível extinção desta ferramenta da face da internet, já demonstra que 2008 foi o ano de consolidação dos blogs como meio de informação e ferramenta interativa que mais cresceu. Foi amplamente adotado por empresas, instituições, CxOS (Chief Experience Officer) e blogueiros. Quanto a estes últimos, podem ser jornalistas, sim, desde que sejam Blogueiros, como bem definiu Fábio Cipriani, autor do livro Blog Corporativo - Aprenda como melhorar o relacionamento com seus clientes e fortalecer a imagem da sua empresa – e um dos mais brilhantes estudiosos no assunto.

Aliás, nas páginas, posts e blogs criados por Cipriani podemos ter a exata dimensão do crescimento desta ferramenta. Resumindo o que já foi publicado, só de 2007 para 2008 o crescimento do número de blogs corporativos foi de 300%, passando de 62 para 263. Veja detalhes no site http://www.blogcorporativo.net (ou http://wiki.blogcorporativo.net).

Aqui mesmo tivemos a grata satisfação em participar da criação direta ou indireta de dois novos blogs corporativos. Um na área de Saúde, para o Centro de Dor e Neurocirurgia do Hospital 9 de Julho (http://centrodedoreneurocirurgia.blogspot.com), e outro com foco em marketing educacional, criado pela Manufactura de Propaganda (http://www.mkteducacional.com.br). Quanto a este último, sugerimos, e a proposta foi bem aceita. Tanto que está no ar.

Mas o que está por trás de tudo isto são pessoas. E este movimento é que acrescenta algo de novo nas relações das empresas com seus públicos, entre funcionários, colaboradores e, em outro nível, na associação de TODOS os meios de comunicação com essa ferramenta. Praticamente não existe um veículo de comunicação que não possua um blog, seja ele capitaneado pela empresa ou por seus colaboradores e jornalistas (que são verdadeiramente blogueiros).

E em 2009? Se a crise persistir, a comunicação e a relação com os vários públicos estarão garantidas. Ou alguém parou de se comunicar em 1929?

Talvez o que ocorra seja uma “reconfiguração” dos blogs, suas necessidades e aplicações. Estudos mais aprofundados sobre qual é o verdadeiro retorno que um blog trás para uma empresa, instituição ou mesmo no âmbito pessoal.

Este ano, os blogs até ficaram estigmatizados como uma onda que todo mundo quis pegar. Aproveitando o verão que se aproxima, a “vaca”, no linguajar do Surf, é não entender que o que todo mundo quer: se expressar, saber como são as coisas, como e porque elas funcionam e, sobretudo interagir, entender e ser (bem) atendido e compreendido.
Por Ricardo Berlitz

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Bloguismo ou jornalismo? Tanto faz...

Na onda de reportagens sobre mídias digitais e relacionamentos 2.0, em que o “bloguismo” tem sido valorizado em detrimento do jornalismo, sugiro uma reflexão mais amena: qualquer pessoa que informa por meio de mídias digitais pode ser considerada uma formadora de opinião qualificada? Claro que não! E não me refiro somente aos que não são jornalistas. Tudo depende do conhecimento e postura de quem escreve, e não só de diplomas.

Pesquisas sobre o assunto têm revelado que blogueiros apresentam mais credibilidade que jornalistas por serem considerados isentos e também por não possuírem as “amarras” ideológicas ou comerciais que os detentores dos veículos de comunicação colocam em seus profissionais. Mas isso não é verdade. O cerne do blogueiro é a independência, assim como a do jornalista é a imparcialidade. Porém, ambos podem perder as suas origens no meio do caminho, e por diversos fatores. Haja visto blogueiros que passaram a ganhar dinheiro via patrocínio de empresas.

Aliás, como também mostram algumas pesquisas, grande parte de visitantes de blogs costumam checar as informações lá contidas em veículos tradicionais de comunicação. Os que conseguem fazer seus leitores não realizar este movimento é porque já conquistaram uma credibilidade e, como colocado no inicio deste post, podem ser considerados formadores de opinião, independente de sua formação.

Assim sendo, acredito que Ricardo Kotcho, Milton Jung e tantos outros que são jornalistas e, atualmente, também blogueiros, caracterizam bem esse cenário. São profissionais que agregam ao bom jornalismo com um modelo de mídia diferente. Já os blogueiros, sem necessariamente possuírem uma formação jornalística, podem sim ser muito bons, desde que tenham conteúdo interessante e diferenciado.

Afinal, não importa quem escreve, mas sim o que se escreve.


Por Aline Pires

Haja SAC!

Confira a entrevista de Vladimir Valladares, da V2 Consulting, sobre a nova regulamentação do setor de atendimento ao cliente para a revista Época desta semana.

www.baruco.com.br/blog/epoca_vladimir.pdf

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Call centers em foco


Hoje, um dia após o início da nova regulamentação do setor de atendimento ao cliente, instituída pelo Governo Federal, o jornal Valor Econômico registrou o impacto no segmento empresarial diretamente atingido pelas medidas. O consultor Vladimir Valadares, diretor da V2 Consulting, foi um dos consultados pelo jornal. Confira...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Os donos da história

O Caderno Mais, da Folha de S. Paulo deste domingo, publicou a tradução de texto de John Lloyd, colaborador do Financial Times, com uma reflexão a respeito do futuro do jornalismo em meio ao desenvolvimento tecnológico.

Compartilhamos com a visão do autor.
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Os donos da história

Três livros lançados no reino unido discutem as vantagens e os limites dos avanços tecnológicos para o futuro do jornalismo

Os blogs e a web marcam um retorno ao jornalismo dos séculos 17 e 18

JOHN LLOYD

Os últimos 150 anos foram a era do jornalismo heróico, um período em que os jornalistas desenvolveram sua auto-imagem como responsáveis por corrigir os males da sociedade.

O período produziu testemunhas do horror, tais como William Howard Russell, do "The Times", cujos artigos sobre a Guerra da Criméia ajudaram a destruir um governo e a modernizar o Exército britânico.

Houve jornalistas como o escritor francês Émile Zola, que colocaram sua pena a serviço da indignação, diante das falsas acusações movidas contra o capitão Alfred Dreyfus.

Já o jornalismo de denúncia ao estilo norte-americano gerou talentos como o de Ida Tarbell, que expôs as práticas da Standard Oil no começo do século 20 -período em que era difícil ver mulheres ocupando posições no jornalismo fora das páginas literárias e de moda.

E, dos anos 1960 em diante, uma legião de repórteres investigativos justificou sua existência com a criação de um quadro de profissionais intransigentes que exigiam que os poderosos prestassem contas.

Esses repórteres foram imensamente beneficiados pela fama e pelo status de Ed Murrow, jornalista de rádio e TV da [rede norte-americana] CBS nos anos 1950, e pelos jornalistas Carl Bernstein e Bob Woodward, do "Washington Post", famosos por suas reportagens sobre o caso Watergate no começo dos anos 1970.

De diferentes maneiras, três livros recentes são produto da transição da era do jornalismo heróico para... O que, exatamente? Por enquanto, o novo modelo não tem nome.

As primeiras indicações são de que o melhor termo seja "era demótica", devido à explosão de blogs, sites de redes sociais, e-mails e textos que a internet propiciou nos últimos dez anos -e tudo isso com uma intensidade não vista nem mesmo no período epistolar mais intenso da era vitoriana.

Em "SuperMedia" [ed. WileyBlackwell, 216 págs., 14,99, R$ 53], Charlie Beckett considera a nova era sob esses termos. Antecipa o momento em que essa forma de jornalismo cidadão suplantará o modelo convencional e, em suas palavras, "salvará o mundo".

Em "Can You Trust the Media?" [Você Pode Confiar na Mídia?, Icon Books, 256 págs., 12,99, R$ 46], Adrian Monck, ex-produtor da ITV e da Sky e hoje professor de jornalismo na Universidade Metropolitana de Londres, derruba os mitos da era do jornalismo heróico ao negar esse heroísmo.

E os ensaios da coletânea "UK Confidential" [Reino Unido Confidencial, Instituto Demos, Charlie Edwards e Catherine Fieschi (org.), 184 págs., 10, R$ 36] tratam da moderna suposição de que figuras públicas têm pouco ou nenhum direito a uma vida privada.

Blogs e nostalgia

De certa forma, os blogs e a web marcam um retorno ao jornalismo dos séculos 17 e 18 -um período empreendedor, no qual pessoas que tinham algo a dizer montavam seus negócios e publicavam panfletos e boletins noticiosos.

Também vivemos um período de maior incerteza, o que lembra a era vitoriana, quando os jovens aspirantes a literatos, vestidos com trajes modestos, ganhavam a vida trabalhando arduamente em um mercado formado majoritariamente por free-lancers.

O jornalismo do século 20, até agora, dependia de bases organizacionais: jornais com editorias, treinamento e estrutura de carreira; companhias de televisão que investiam em suas divisões de notícias e atualidades; sindicatos que por algum tempo deram aos jornalistas dos países desenvolvidos proteção ao menos semelhante àquela da qual os operários gráficos um dia desfrutaram.

Nem todos esses fatores desapareceram, mas diversos deles parecem oscilantes.

A paisagem atual está repleta de grandes fábricas de notícias que estão perdendo espaço e mostrando sinais de debilidade. A divisão de notícias da CBS, criada por Murrow, hoje conta com apenas alguns correspondentes estrangeiros, e quase nenhum zelo investigativo. O "Le Monde", fundado por Hubert Beuve-Méry para restabelecer a honra do jornalismo francês no pós-guerra, está lutando para sobreviver.
O "Daily Express", no passado uma presença dominante no mercado britânico médio, agora se reduziu a ponto de se tornar parte de um grupo dirigido por um pornógrafo.

O denominador comum a isso é a perda de audiência e de receita sofrida ao longo da última década. Existe, como aponta Charlie Beckett em "SuperMedia", "pressão mais que suficiente para que temamos pelo futuro do jornalismo".

Usando um excerto de um discurso proferido em 2007 por Ed Richards, presidente da Ofcom, a organização que fiscaliza a mídia britânica, ele propõe uma questão: "O abandono do consumo de notícias, quer em forma eletrônica convencional ou em forma impressa, parece ser uma tendência secular e em aceleração... Até que ponto isso influencia a existência de uma sociedade civil saudável?"

Trata-se de uma pergunta válida. O jornalismo baseou sua auto-imagem e sua justificativa para existir na crença de que seu trabalho permitia que os membros de sua audiência de massa se tornassem melhores cidadãos. Se o jornalismo desaparecer, o que acontece com a cidadania?

A pergunta que serve de título para o livro de Monck é respondida de maneira abrangente em seu ensaio: não, não se pode confiar na mídia, e aliás nunca se pôde.

Monck não acha que os padrões estejam em decadência, mas sente que a crescente falta de confiança é uma resposta pública racional à imprensa cada vez menos confiável.

"Do ponto de vista comercial", escreve, "confiança é um ativo sem valor". Ele zomba da "tocante fé em que, caso as pessoas testemunhem a verdade, agirão pelo bem", e enfatiza a bagagem emocional, e não racional, que os leitores e espectadores carregam com eles ao avaliar cada questão.

Afeto e exasperação

Se o jornalismo está em crise, alguns dos componentes dessa crise são tão antigos quanto o jornalismo -e indissociáveis dele. Em seu livro, acessível e escrito de maneira vivaz, Monck conclui expressando a certeza de que precisamos do jornalismo, mas ainda assim o encara com uma mistura de afeto e exasperação, como algo de falho que, quando faz o bem, o faz por acidente.

Em contraste, o argumento de Beckett está resumido em seu subtítulo: "Salvando o Jornalismo para Que Ele Possa Salvar o Mundo".

E o autor parece estar falando sério. Ele eleva o "jornalismo cidadão" -termo que engloba toda forma de comunicação, de blogs a depoimentos amadores sobre desastres ou guerra e sites de jornalismo amador na web- à posição de salvador do jornalismo.

Acima de tudo, Beckett acredita que, "quanto mais os jornalistas se comportarem como cidadãos, mais forte será o jornalismo". Ele também acredita que o jornalista precisa ter como base a realidade experimentada, e que o jornalismo cidadão extrai sua legitimidade e sua prática dessa realidade.

Beckett defende parte de seus argumentos mencionando o exemplo do "Fort Myers News-Press", da Flórida, um jornal que pressionou por acesso à lista dos pagamentos de assistência às vítimas do furacão Katrina.

Em seguida, o jornal publicou a lista e convidou seus leitores a informar a Redação em caso de quaisquer anomalias nos pagamentos. As denúncias foram usadas como base para uma série de reportagens.

E, em uma bela passagem sobre o jornalismo africano, cita extensamente blogs bem-informados e raivosos mantidos por africanos, os observadores mais capazes de testemunhar o comportamento criminoso de seus governos corruptos.

Os blogs expressam opiniões que muitas vezes terminam censuradas nos jornais e, especialmente, nas rádios e estações de TV africanas.

Há um porém -ou poréns.

Em primeiro lugar, as tentativas de fazer do jornalismo cidadão uma prática cotidiana não funcionaram bem até o momento.

Em segundo lugar, a maioria do jornalismo político convencional que surgiu na blogosfera não elevou o nível ético.

O mais famoso desses novos jornalistas políticos é Matt Drudge, hoje um homem poderoso na mídia. Ganhou fama inicialmente ao revelar o caso entre Monica Lewinsky e [o então presidente dos EUA] Bill Clinton e continua a explorar esse filão de boatos, acusações e insinuações.

Terceiro, não está realmente claro o que quer dizer "comportar-se como cidadão", para um jornalista, ou o que seria "se comportar como jornalista", para um cidadão. Os cidadãos muitas vezes não querem forma nenhuma de jornalismo.

Privacidade

"Reino Unido Confidencial" observa o jornalismo pela lente da tecnologia e age como uma espécie de comentário cético a respeito.

O que essa coletânea muito diversificada demonstra é que o desejo benigno das empresas e do governo de acelerar o acesso a bens e serviços significou, na prática, que o público transferiu, em grande medida sem se incomodar muito, vasto volume de dados pessoais a empresas e ao governo.

Então, não existe maneira de escapar às atuais misérias do jornalismo?

Não de um salto, creio.

Mas, apesar do realismo frio de Monck e dos alertas dos ensaístas do Demos sobre a necessidade de defender a privacidade -e não investigá-la-, Beckett aponta para algo novo que está acontecendo: a capacidade e disposição do público para contribuir na produção de sua narrativa.
Podemos vislumbrar um mundo no qual aqueles que estão ávidos por dizer alguma coisa agora podem fazê-lo, se bem que para audiências muitas vezes restritas.

Quem desejar prestar testemunho sobre horrores e maravilhas pode transmitir suas palavras e imagens. Quem se indigna com suspeitas de delitos empresariais ou governamentais pode encontrar ferramentas que permitem investigar e expor.

Tudo isso resulta em considerável ganho de poder e, se não implica ainda que a prática do jornalismo tal qual o conhecemos esteja destronada -algo que espero jamais aconteça-, ao menos oferece a democrática possibilidade de nos tornarmos, nós todos, heróis.

JOHN LLOYD é autor de "What the Media Do to Our Politics" [O Que a Mídia Faz para Nossa Política] e colaborador do jornal "Financial Times", onde a íntegra deste texto foi publicada.

Tradução de Paulo Migliacci.