quinta-feira, 2 de outubro de 2008

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Pequenas agências, grandes trabalhos

Há tempos deparo com o estigma de que pequenas agências de comunicação (publicidade, relações públicas, assessoria de imprensa, design, entre outras) só podem realizar trabalhos para pequenas empresas e, diante disso, multinacionais e afins só entregam seus jobs e contas para grandes agências.

A idéia de que pequenas agências não podem realizar trabalhos para grandes empresas se arraigou no erro da “falta de estrutura”. Mas questiono aqui: o que é estrutura se não aquela que se paga para uma agência viabilizar o seu trabalho? Uma pequena agência cria sua estrutura de trabalho mediante a verba destinada para tal.

Acontece, porém, que na hora de olhar para uma pequena agência as grandes empresas consideram que esta não merece o valor que destinam às renomadas agências. Mas o que as grandes empresas também não percebem é que grande parte das grandes agências de comunicação (com suas exceções) criam núcleos dos núcleos para o atendimento de suas contas, deixando as cabeças estratégicas cada vez mais distantes e atuando como uma “pequena agência” na condução dos trabalhos. O resultado disso? Grandes empresas passam a pular de grandes em grandes agências, repetindo um ciclo vicioso de insatisfação.

Enfim, o que gostaria de ratificar é que a comunicação não se mede pelo tamanho de uma agência, mas pela estratégia, foco, agilidade, dinamismo e criatividade que ela prova oferecer. Possíveis ferramentas adicionais são viabilizadas mediante a demanda, e o fee para sua cobertura deve ser tailor made. 

Enfim, fee se mede por trabalho e resultados, não por metro quadrado e quantidade de colaboradores para um atendimento. Uma boa cabeça pensante e focada vale mais do que três que não fazem nada.

Um bom exemplo do que abordo aqui está na parceria que a pequena Erasmus, consultoria londrina que se auto-define como "incubadora de marcas e idéias", realizou há três anos para a gigante Coca-Cola. As duas formaram uma joint-venture para lançar o energético Relentless.

Enquanto a Erasmus cuidou da marca, do posicionamento do produto e da comunicação, a Coca-Cola se encarregou da produção e distribuição. E a parceria tem sido um sucesso.

 

Por Erika Baruco

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo em gênero, número e grau. O que ocorre nas grandes empresas é que ninguém quer assumir riscos. Já ouvi de um prospect que estava entregando sua conta para a DM9 e não para mim porque se a DM9 errase, o erro seria dela. Se a minha agência errase, o erro seria dele. Infelizmente é assim. Outra coisa sabida é que as agências seduzem os marketeiros com vários mimos, como viagens à Paris, por exemplo. Coisa que uma pequena agência nem sonha em fazer. Há ainda o cliente deslumbrado, que quer ter acesso ao publicitário famoso e da moda. Acha chic fazer reunião com o figurão, que, na verdade, entrega o job aos estagiários. Em resumo, respeito quem tem a coragem de confiar em uma agência de menor porte. Afinal, até a monstruosa Ogilvy já teve apenas dois funcionários. Todo mundo já foi pequeno um dia. O que não pode ser menor é o talento. E isso tem bastante nas megaagências.