segunda-feira, 4 de agosto de 2008

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Inacreditável
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Esse foi o título do e-mail que recebi de um amigo jornalista, falando de uma matéria publicada na internet, de um grande veículo de comunicação. Vou explicar o porquê, não só do título do e-mail, mas também do título deste post: é inacreditável o que a imprensa anda publicando sem pesquisar, ou no intuito apenas de camuflar o que não é mais inédito e vendê-lo como tal, a fim de divulgar parceiros comerciais.

A notícia em questão relata sobre descobertas inéditas relacionadas à funções do cérebro, por parte de pesquisadores de um tal hospital parceiro. Funções estas, por sinal, estudadas desde a década de 50, com diversas práticas cirúrgicas já realizadas em virtude das descobertas. Mas, inacreditável mesmo é receber os questionamentos desta mesma imprensa sobre o ineditismo e relevância de pautas oferecidas sob o mesmo tema, porém com a verdade de não serem necessariamente desconhecidas.

Sem questionar a noticia relatada acima, mas sim o fato de ser apresentada como algo inédito, pergunto, afinal: o que é novidade? Deixando o dicionário de lado, podemos atestar que novidade é aquilo que é percebido por um individuo especialmente no momento em que ele se interessa pelo tema, motivado por sua necessidade. Nesse sentido, um determinado tratamento médico apesar de não ser inédito pode ser relevante para alguém somente após o seu acometimento, ou de um familiar, pela doença a ele relacionado. Assim, o sentido do inédito passa pelo interesse do tema que se perpetua e evolui a todo instante.

O que é para ser questionado é o fato de a imprensa descartar com freqüência este mesmo tipo de noticia apenas pelo simplismo de já ter sido anunciado um dia, assim como o contrário, que é o fato de divulgar algo como inédito, quando não é, apenas por que lhe convém.

Sabemos que os veículos de comunicação vivem de anunciantes, assim como as assessorias de imprensa vivem do fee de seus clientes, mas a ética não deve ser deixada de lado e sim a hipocrisia de que assessores só pensam em vender seus clientes a qualquer custo, como se os colegas jornalistas dos veículos estivessem acima do bem e do mal, pois há tempos vivenciamos veículos omitindo notícias negativas de seus anunciantes, os chamados “clientes da casa”.

Em tempo, a "novidade" do momento refere-se aos veículos digitais aproveitarem a memória fraca das pessoas (diga-se de passagem, pela própria dinâmica da internet), para publicar o que bem entendem como “inédito”.

Pois é, amigo jornalista: isso é realmente é inacreditável!

Por Aline Pires

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